“É conversar com Deus? É se concentrar na respiração? É estar no Presente? É invocar a divindade através de um mantra?” Helena Heloisa Wanderley Ribeiro
É buscar sua essência, é buscar o verdadeiro fulcro original, sua semente que foi deturpada, escondida pela persona da sobrevivência.
Evidências pictóricas comprovam as origens da prática nas paredes de cavernas na Índia de 4 ou 5000 anos atrás. Figuras humanas de olhos semicerrados em postura recolhida … Os primeiros relatos escritos aparecem no Livro dos Vedas, 2000 antes de Cristo. Aparentemente todas as culturas buscavam no recolhimento religioso ou no som um encontro com a transcendência ou consigo mesmo.
Do hinduísmo, passando pelo budismo que se desdobrou no Zazen – meditação sentada – do Japão, a meditação fez sua longa caminhada para chegar ao Ocidente, de maneira decidida após os revolucionários anos sessenta. Bem antes disso porém, os cristãos na Idade Média introduziram em sua prática orações meditativas, muito parecidas com os mantras que “domavam” os “macacos” da mente. Macacos que pulam de galho em galho como os pensamentos que passam céleres e que mudam ao sabor sabe-se lá do quê.
Hoje, a meditação se tornou um imperativo para contrabalançar o ritmo alucinado da vida moderna.
E os caminhos são vários. As práticas diferem, porém todas buscam o “Aqui e Agora”.
Mindfulness é o método escolhido pela ciência para pesquisar os efeitos da meditação na saúde física e mental, pois essa prática não tem nenhuma conotação religiosa ou devocional. O que é Mindfulness, afinal? O termo foi traduzido como Atenção Plena e é uma boa adaptação do que Pali sati em Pali significa “recorda-se continuamente do seu objeto de atenção”.
Atualmente, como virou um círculo virtuoso com o incremento de pesquisas médicas positivas e de sua correlação com a Psicologia, há inúmeras ofertas de programas e práticas online, gratuitas ou pagas. As opções são tantas que vale a pena navegar por um bom número delas e escolher a que mais se coaduna com sua personalidade.
As mais eficazes vão incluir, em primeiro lugar, um trabalho com o corpo. PIERRE WEIL, reitor e fundador da Unipaz o chamava de práxis e insistia no exercício para preparar, relaxar, distensionar o corpo para que este não se torne um sabotador da concentração.
Em seguida ao relaxamento, uma série de inspirações profundas pelas narinas e exalações pela boca, para liberar as emoções e tensões do dia.
Em seguida, um mergulho pelas partes do corpo, como se iluminando as células, órgãos, músculos e nervos, buscando dores, incômodos, tensões, mas levando em consideração também as áreas serenas e confortáveis. Sem críticas ou julgamentos. O mesmo vale para pensamentos. A idéia não é SE CORRIGIR, mas se conhecer. Coloque nesse ponto qual a intenção da prática, qualquer que ela seja. É preciso ter consciência dela, pois faz parte inerente do processo de autoconhecimento.
Por fim, um novo mergulho do topo da cabeça até a ponta dos pés, desta vez pesquisando emoções e sentimentos, local onde se alojam. Normalize sua respiração e foque sua atenção onde você percebe melhor o ar entrando e saindo. Pode ser no abdômen, no peito, no diafragma ou mesmo nas narinas. Cole aí sua atenção e, se ajudar, conte o ciclo completo da respiração de 1 a 10, volte ao 1 novamente. Se sua mente divagar, e ela vai vaguear por aí, volte o foco SUAVEMENTE para a respiração e recomece a contagem; sem se condenar! Alguns Mestres dizem que meditar é voltar à respiração, isto é, perceber que escapou e trazer o foco de volta.
A última etapa é quando você solta completamente o controle da mente e deixa que ela vá onde quiser ou pense o que pensar. Surpreenda-se.
Lentamente, volte ao seu meio ambiente. Movimente mãos e pés, pernas. Observe-se suavemente e dê-se conta do resultado. Compare o antes e o depois.
Durante quanto tempo meditar? O tempo pode ser de 10 a 15 minutos, talvez 20… Pergunte ao seu coração.
Muito boa sorte e ótima prática e se sentir-se confortável, dedique os benefícios da meditação a alguém, a alguma causa ou ao Universo.
Helena Heloisa Wanderley Ribeiro é Psicologa Clínica, Especializada em Psicodrama, Membro do Colégio Internacional dos Terapeutas, Amante da Psicologia Analítica de Jung, Facilitadora credenciada pela Inner Links do Jogo da Transformação, Estudiosa da Teoria Integral de Ken Wilber, Membro da Unipaz São Paulo e uma aprendiz da vida.